A Cannabis sativa é uma planta usada há muitos séculos com finalidades "recreativas", religiosas e medicinais. Foi muito utilizada pelas Antigas Civilizações: como os Egípcios, Gregos, Romanos, Indianos (na Medicina Ayurveda por volta de 1.000 a.C.) e na Medicina Tradicional Chinesa em 2.900 a.C.
O imperador chinês Shen Nung prescrevia Cannabis no século 28 a.C. Recomendava no tratamento da malária, dor reumática, ciclos menstruais irregulares e dolorosos e para um efeito neuroprotetor.
Mais tarde, o Império Árabe foi o grande responsável por avanços na medicina e no uso da Cannabis terapêutica no período em que a Europa estava na Idade das Trevas, entre os séculos VII e XIII. Somente em meados do século XX que sua composição química começou a ser melhor entendida e explicada.
POR QUE OS MEDICAMENTOS À BASE DE CANNABIS SÃO TÃO IMPORTANTES?
Na tentativa de encontrar os sítios de ação em nosso corpo que são "ativados" quando consumimos produtos de Cannabis, pesquisadores descobriram que nós e muitos outros animais possuímos substâncias químicas endógenas (produzidas por nosso próprio organismo) que são muito semelhantes aos compostos químicos que a planta da Cannabis produz. Tais descobertas se deram a partir de 1960, onde foram encontrados aos poucos componentes da planta e mais tarde os componentes endógenos similares a esses.
O maior estudioso da Cannabis foi o Israelita Dr. Raphael Mechoulam, que descobriu seus primeiros componentes: chamou-os de fitocanabinoides (descoberto o CBD - canabidiol e o THC - Tetrahidrocanabidiol), na década de 1960. Em meados de 1990 o mesmo Dr. Mechoulam encontrou a existência de receptores canabinoides no cérebro (local onde essas substâncias se ligam no corpo). Ainda mais tarde, foram descobertas as substâncias químicas endógenas similares aos fitocanabinoides, os endocanabinoides.
Com essas novas descobertas, a partir do ano 2000, foi então que conseguiu-se entender que possuímos um Sistema Orgânico interno, de ação fina regulatória, formado por tais receptores e substâncias químicas endógenas: o chamado SISTEMA ENDOCANABINOIDE (SEC). A descoberta do SEC é muito nova, e ainda temos muito para estudá-lo.
Estes endocanabinoides são subtâncias químicas produzidas pelo nosso corpo, com função regulatória de vários neurotransmissores e que interagem com diversos outros sistemas do organismo, como por exemplo, sua importante ação no sistema nervoso central e no sistema imunológico.
A principal função do Sistema Endocanabinoide é de promover a manutenção da fisiologia e do equilíbrio bioquímico do corpo, a chamada HOMEOSTASE.
A Cannabis possui moléculas similares a essas produzidas por nós, os endocanabinoides. Tais substâncias foram chamadas de fitocanabinoides, que quando consumidos, agem de forma similar, possibilitando a homeostase. Auxilia também na neuroprotessão, regeneração do estresse e equilíbrio imunológico.
Existem mais de 160 tipos de compostos na Cannabis. Os principais e mais estudados para fins terapêuticos são o canabidiol (CBD), que é um dos fitocanabinoides de ação não-psicotrópica (sem ação alucinógena, ou do chamado "barato" da maconha) e o Tetrahidrocanabidiol (THC). Este último possui ação psicoativa, mas mesmo assim tem suas indicações terapêuticas quando usado em dose baixa.
Assim, os medicamentos à base de Cannabis possuem inúmeras ações terapêuticas, por se ligarem em células e sistemas de todo nosso corpo. Quando prescritas, essas medicações passam por diversos processos farmacológicos, onde são estipuladas as concentrações específicas dos fitocanabinoides, destinado a tratamento específico, possibilitando correta prescrição para cada caso.
Dessa forma, não se pode confundir o uso da Cannabis medicamento, com o uso "recreativo" da Cannabis entopercente!
ALGUMAS DAS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:
Epilpesia refratária
Dores neuropáticas e refratárias
Doenças neurodegenerativas: Parkinson, Alzheimer, Esclerose Múltipla
Autismo
Doenças inflamatórias intestinais
Fibromialgia
Náuseas, vômitos e perda de apetite por quimioterapia
Ansiedade e Depressão
Distúrbios do sono
Sequela de AVC
Cefaléia
Ainda estão em estudo outras diversas indicações
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